domingo, 25 de novembro de 2012

O futuro será baseado em anarquismo, diz Roberto Freire


Convite

ARTE JOVEM BRASILEIRA  MOSTRA DE ARTE LIVRE E SINCERA – 8ª edição 2012

Exposição “Nu Parque”, de Ane Peclat
Sambada de coco + maracatu com o BLOCO SEMENTE DE JUREMA + Rio Minas na festa de encerramento da Mostra 2012. Poesia com Rodrigo Bodão. “Vendo-me Fiz Isto ou Ator Emparedado” performance teatral solo de Reynaldo Dutra. Exposição de escultura de Akuma. “4 Cantos Lomográficos”, exposição de fotos de Leila Barreto.  “Coleção Brincantes”, exposição de pinturas de Regina Lima. Lançamento literário Navilouca: “De mochila e estrada”, de Rodrigo Raro. Pré-lançamento da grife sustentável de moda unissex Vitrô. Gincana cultural, Reboco literário…

Fernando Pessoa, 1999, trecho 1, p. 45.


Nasci em um tempo em que a maioria dos jovens havia perdido
a crença em Deus, pela mesma razão que os seus maiores a haviam
tido – sem saber por quê. E então, porque o espírito humano tende
naturalmente a criticar porque sente, e não porque pensa, a maioria
desses jovens escolheu a Humanidade como sucedâneo de Deus.
Pertenço, porém, àquela espécie de homens que estão sempre
à margem daquilo a que pertencem, nem vêem só a multidão
de que são, senão também os grandes espaços que há ao lado.
Por isso nem abandonei Deus tão amplamente como eles,
nem aceitei nunca a humanidade... Assim, não sabendo crer
em Deus, e não podendo crer numa soma de animais, fiquei,
como outros da orla das gentes, naquela
distância de tudo a que se chama a Decadência.

sábado, 24 de novembro de 2012

passagem do livro: Arriscar o Impossível de Slavoj Zizek e Glyn Daly

   Ao imputar o status de Real a um Outro específico, sustenta-se o sonho da realização holística - mediante a eliminação, a expulsão ou a supressão desse Outro.
   A ideologia não apenas constrói uma certa imagem de realização, mas também se esforça por regular certo distanciamento dela. Por um lado, temos a fantasia ideológica de nos reconciliarmos com a Coisa (da realização total), mas, por outro, temos a ressalva implícita de não nos aproximarmos dela em demasia. A razão (lacaniana) disso é clara: quando nos aproximamos demais da Coisa, ela despedaça/ evapora (como os afrescos da Roma de Fellini), ou provoca uma angústia e uma desintegração psíquica insuportáveis.
   Como afirma Zizek nesse livro, além da operação ideológica prima facie de traduzir a impossibilidade num obstáculo externo, há ainda  um estágio mais profundo nessa operação, qual seja, a "própria elevação de algo à impossibilidade, como maneira de adiar ou evitar o encontro com ele". A ideologia é o sonho impossível, não apenas em termos de superar a impossibilidade, mas em termos de sustentá-la de uma forma  aceitável. Ou seja, a idéia de superação é sustentada como um momento adiado de reconciliação, sem que seja preciso passar pela dor da superação como tal.